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Guerreiro Grande Poder estreia em festival

Tradição e resistência marcam o Dia da Cultura Popular em Maceió

Por Redação 22/08/2025 15h03
Tradição e resistência marcam o Dia da Cultura Popular em Maceió

Muito além das praias de águas cristalinas que projetam Maceió no cenário turístico nacional, a capital alagoana guarda uma riqueza invisível aos olhos mais apressados: a força da cultura popular. É ela que colore as ruas com sons, histórias e personagens que resistem ao tempo. E é nesse contexto que nasce o Guerreiro Grande Poder, grupo que fará sua estreia neste sábado (23), no Festival da Cultura Popular, realizado no bairro histórico do Jaraguá.

A apresentação marca não apenas a chegada de um novo grupo de folguedo ao cenário cultural de Alagoas, mas também o início de um novo capítulo no legado deixado por Mestre Verdelinho, um dos nomes mais importantes da cultura popular do estado. Conhecido por seu trabalho no Coco de Roda e no Pagode Alagoano, Verdelinho também era apaixonado pelo Guerreiro – manifestação marcada por personagens exuberantes, chapéus coloridos e uma narrativa festiva e simbólica.

O projeto do Guerreiro Grande Poder começou a ser gestado há dois anos, quando Nildo Verdelinho, um dos filhos do mestre, decidiu transformar em ação o desejo de manter vivas as tradições que marcaram sua infância. “Minha inquietação nasceu quando percebi que muita coisa estava se perdendo. Mestres estavam partindo e levando consigo um conhecimento imenso. Sempre foi meu desejo trazer isso de volta”, relembra.

Foi a partir de encontros culturais na Comunidade Azul que a chama reacendeu. O grupo começou a ensaiar de forma simples, sem figurino, apenas com a vontade de brincar. A ideia ganhou apoio de amigos e parceiros, entre eles Juliana Barreto, Daniel Ginga e Mestra Vânia, que ficou responsável pela confecção dos chapéus imponentes que caracterizam o Guerreiro.

“Quando criei esses chapéus, ouvi as histórias de Mestre Verdelinho e coloquei em cada peça o amor e a história da cultura popular”, afirma Vânia, que há mais de 40 anos trabalha como artesã.

A estreia do grupo é também motivo de emoção para os filhos e netos de Verdelinho. Geninho Verdelinho, filho mais novo do mestre, lembra do pai o levando aos palcos desde criança. Hoje, vê a própria filha se encantar pela mesma tradição. “O mais emocionante é ver minha filha também se encantando, como aconteceu comigo. Isso mostra que essa tradição é viva e passa de forma natural para quem sente.”

O grupo estreia no mês em que se comemora o Dia da Cultura Popular, celebrado em 22 de agosto. A data reforça a importância dos saberes que atravessam gerações, como o Guerreiro, o Maracatu, os Cocos de Roda, as Taieiras e tantos outros folguedos que compõem o cenário cultural de Maceió.

O Festival da Cultura Popular também marca os 18 anos do Maracatu Baque Alagoano, grupo que, desde 2007, resgata e fortalece a cultura afro-alagoana. “O Baque surge em um momento de retomada do Maracatu em Alagoas, após um longo período de silêncio. Hoje celebramos com orgulho e resistência”, diz Helton Santos, coordenador do grupo.

A celebração reúne ainda outros grupos de folguedos, num diálogo que evidencia a diversidade da cultura local. A festa é organizada pelo Maracatu Baque Alagoano com apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), que tem investido em políticas de valorização da cultura popular.

Em 2024, o projeto “Folguedos na Rede” levou mestres para dentro das escolas da rede municipal, ensinando manifestações culturais a mais de 40 turmas. Outro avanço foi o edital “Vem Pra Praça”, que garantiu espaço e apoio para apresentações de grupos tradicionais.



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