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Diagnóstico tardio de câncer de colo do útero eleva gastos do SUS e compromete chances de sobrevivência

Um estudo recente aponta que o diagnóstico tardio do câncer de colo do útero, além de reduzir as chances de cura, também eleva significativamente os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados analisados mostram que, quanto mais avançado o estágio da doença no momento da descoberta, maior é a necessidade de quimioterapia, internações e atendimentos ambulatoriais. O impacto financeiro e humano é preocupante, especialmente em um país onde cerca de 60% dos casos são identificados em fases já avançadas.
A pesquisa foi conduzida por especialistas da MSD Brasil, com base em informações de mais de 206 mil mulheres diagnosticadas com a doença entre 2014 e 2021. Utilizando dados do DataSUS, os pesquisadores cruzaram informações clínicas e socioeconômicas para mapear os efeitos do diagnóstico tardio no tratamento e no orçamento público.
Os números são claros: entre as pacientes diagnosticadas no estágio 1, 47,1% precisaram de quimioterapia. Já no estágio 4, esse índice salta para 85%. O mesmo padrão é observado nas internações mensais, que sobem de 0,05 no estágio inicial para 0,11 no mais avançado, e nas visitas ambulatoriais, que quase dobram — de 0,54 para 0,96 por mês.
O estudo também joga luz sobre as desigualdades sociais relacionadas ao câncer de colo de útero. No Brasil, a maioria dos diagnósticos envolve mulheres não brancas, com baixa escolaridade e dependentes do SUS. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são registrados aproximadamente 17 mil novos casos por ano no país. E, globalmente, cerca de 80% das mortes por essa doença ocorrem em países de baixa e média renda.
A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais o cenário. O número de mulheres que passaram por cirurgia como único tratamento caiu de 39,2% (entre 2014 e 2019) para 25,8% em 2020. Procedimentos de radioterapia também caíram cerca de 25% em todos os estágios da doença, enquanto o uso exclusivo da quimioterapia subiu, em média, 22,6%. A explicação, segundo os autores, está no colapso dos serviços hospitalares durante a crise sanitária, o que gerou lacunas no tratamento oncológico e pode trazer consequências a longo prazo para as pacientes.
Quase todos os casos de câncer de colo do útero têm como causa persistente o vírus HPV (Papilomavírus Humano). Por isso, os especialistas reforçam a importância da vacinação e do rastreamento regular como ferramentas fundamentais de prevenção. A vacina quadrivalente contra o HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos e também para grupos específicos de maior risco, como pessoas vivendo com HIV, transplantados e vítimas de abuso sexual. Na rede privada, também está disponível a vacina nonavalente, que cobre mais tipos do vírus e pode ser aplicada até os 45 anos.
Para os autores do estudo, os dados reforçam a urgência de políticas públicas mais robustas e inclusivas. “Como apenas uma minoria dos casos é diagnosticada precocemente, o estudo destaca o alto ônus econômico para o setor público. Isso reforça a necessidade de ampliar a vacinação e o rastreamento, com o objetivo de reduzir as disparidades e garantir tratamento adequado desde os estágios iniciais da doença”, apontam os pesquisadores.
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