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Mais de 2/3 dos feminicídios ocorrem dentro de casa, revela operação da Polícia Civil em Alagoas
A Operação Shamar, deflagrada nesta sexta-feira (1º) pela Polícia Civil de Alagoas, resultou na prisão de 22 agressores em municípios como Maceió, Arapiraca, Penedo, Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia. Mas foi um dado revelado pela corporação que expôs com mais força a dimensão da violência: 68% dos feminicídios registrados no estado acontecem dentro da casa da própria vítima.
A informação foi divulgada pela delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), durante o lançamento da operação, que marca o início das ações do Agosto Lilás — mês dedicado ao combate à violência contra a mulher.
“É assustador constatar que a maioria desses crimes ocorre dentro de casa. O lar, que deveria ser lugar de proteção, tem se tornado um ambiente de medo e violência para milhares de mulheres”, afirmou a delegada.
Coordenada nacionalmente pelo Ministério da Justiça, a operação ocorre em diversos estados brasileiros. Em Alagoas, estão sendo cumpridos 32 mandados de prisão por crimes como violência doméstica, estupro, ameaça, lesão corporal, violência psicológica, tentativa de feminicídio e estupro de vulnerável.
Um dos casos mais graves registrados até agora ocorreu no bairro do Vergel do Lago, em Maceió. Um homem foi preso após arrastar a ex-companheira pelos cabelos em via pública, em resposta à cobrança de pensão alimentícia.
“Um exemplo claro de violência motivada por sentimento de posse. Acreditava na impunidade, mas foi preso. Aqui, em Alagoas, esse tipo de crime não será tolerado”, reforçou Ana Luiza.
Prevenção além da repressão
Embora defenda o rigor das ações policiais, a delegada alerta que a repressão sozinha não basta. Para ela, o enfrentamento ao feminicídio exige ações preventivas, educação e mudança cultural.
“A polícia só age depois que a violência já aconteceu. Precisamos de políticas públicas preventivas e de uma cultura social que entenda que mulher não é objeto. O combate ao machismo precisa começar nas escolas, nas famílias, nas redes sociais.”
Um dos programas citados por ela é o “Maria da Penha vai à escola”, que promove palestras e rodas de conversa com adolescentes. A ideia é identificar e discutir comportamentos abusivos comuns nos relacionamentos jovens, muitas vezes romantizados como “ciúmes”.
“O ciúme excessivo é o primeiro sinal. Quando romantizado, ele vira controle, depois violência — e, em muitos casos, termina em feminicídio.”
Denúncia e apoio
A operação continua nos próximos dias, com o cumprimento dos mandados restantes e ações educativas em todo o estado. A delegada reforça a importância de denunciar qualquer tipo de violência contra a mulher, seja física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial.
As denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Disque 180, ou em qualquer delegacia, inclusive pela internet.
“Muitas violências não deixam marcas no corpo, mas causam traumas que duram a vida inteira”, concluiu.
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