Os atendimentos de urgência relacionados à saúde mental aumentaram significativamente em Maceió nos primeiros cinco meses de 2025. Dados da Central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) apontam que, entre janeiro e maio, foram registrados 908 atendimentos psiquiátricos e psicológicos na capital alagoana — um crescimento de 28,07% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 709 ocorrências. Em Arapiraca, segunda maior cidade do estado, houve uma leve redução: 306 atendimentos em 2024 contra 296 este ano, queda de 3,27%. Ao todo, somando as duas centrais, o Samu tem registrado uma média de até 14 atendimentos por dia em todo o estado.

As ocorrências envolvem surtos psicológicos, crises de ansiedade, depressão, tentativas de suicídio e uso de substâncias como álcool, maconha e cocaína. O aumento nos atendimentos reflete uma tendência nacional. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de suicídios entre adolescentes de 10 a 19 anos cresceu 65% nos últimos cinco anos no Brasil.

A coordenadora do Samu Maceió, Beatriz Santana, atribui parte desse aumento à maior procura por ajuda, mas também ao agravamento das condições de saúde mental na sociedade. “Os agravos relacionados à saúde mental têm aumentado significativamente, e por isso temos investido na capacitação das equipes para garantir um atendimento mais humanizado e eficaz”, afirma.

Ela ressalta que, em situações de risco de suicídio, o atendimento pode envolver também equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, para garantir a segurança de todos os envolvidos.

A secretária estadual de Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, afirma que o governo tem priorizado o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que oferece desde o acolhimento na atenção básica até o atendimento especializado. “Temos trabalhado para capacitar profissionais e garantir acesso ao cuidado integral, com foco na promoção, prevenção e recuperação da saúde mental dentro do SUS”, disse.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera os índices mundiais de ansiedade, atingindo 10% da população. Os sintomas mais comuns são irritabilidade, insônia, dores de cabeça, inquietação e sensação de perda de controle. Especialistas alertam que o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), se não tratado, pode evoluir para quadros mais graves como depressão crônica e risco de suicídio.

Além do Samu 192, a população pode buscar apoio nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou entrar em contato com instituições como:

Cavida (Centro de Promoção à Saúde, Educação e Amor à Vida) – Atendimento gratuito pelo número (82) 9 8879-2710.

CVV (Centro de Valorização da Vida) – Apoio emocional gratuito pelo número 188.
Também está disponível online o passo a passo do atendimento psicossocial e orientações para familiares: https://cidadao.saude.al.gov.br/servicos/caps