O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (2) que as negociações com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, deixaram a equipe econômica “muito confortável” quanto à construção de uma solução estrutural para o cumprimento das metas fiscais de 2025 e dos anos seguintes. Segundo Haddad, o objetivo vai além de medidas pontuais para este ano. “Queremos uma resposta de médio e longo prazo, que traga estabilidade e previsibilidade, independentemente de quem esteja no governo”, destacou.

A declaração vem após críticas do mercado à recente elevação do IOF sobre operações de crédito empresarial, cambiais e investimentos em previdência privada — medida que pretendia gerar até R$ 20,5 bilhões em 2024. Após a revogação parcial do decreto, a estimativa de arrecadação caiu para R$ 19,1 bilhões.

Para compensar, o governo anunciou na semana passada o resgate de R$ 1,4 bilhão de dois fundos administrados pela Caixa: o FGO (Fundo Garantidor de Operações) e o FGEDUC (Fundo de Garantia de Operações do Crédito Educativo). Haddad afirmou que as conversas com os presidentes das duas casas legislativas foram positivas e sinalizaram “acolhimento” às propostas. Ele acredita que não será necessário aguardar os 10 dias de prazo acordados anteriormente com o Legislativo para apresentar uma solução.

“Sabemos o que precisa ser feito, falta agora a decisão política”, afirmou o ministro, que defendeu correções no atacado, com foco em revisão de benefícios fiscais, que somam R$ 800 bilhões em renúncias tributárias.

Segundo o ministro, a estratégia do governo é manter a transparência sobre quem se beneficia das isenções e renúncias, e evitar soluções via decreto. “Decreto resolve distorções pontuais, mas não oferece horizonte sustentável para o país. Se ficarmos de decreto em decreto, não vamos avançar em reformas estruturantes”, concluiu.