A Costa dos Corais, que se estende por 130 quilômetros entre os estados de Alagoas e Pernambuco, está em risco crítico de colapso ambiental. Considerada uma das maiores formações recifais do planeta, a região tem registrado índices alarmantes de mortalidade de corais, com perdas que chegam a 90% em áreas rasas.

Levantamentos realizados por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas entre setembro de 2023 e novembro de 2024 apontam danos severos em recifes localizados em Maragogi, Paripueira e Maceió. Em Pernambuco, a situação segue o mesmo padrão, com taxa de mortalidade entre 70% e 80%, segundo especialistas em biologia marinha.

As causas são múltiplas. O aumento da temperatura média da superfície do mar, associado ao aquecimento global, é apontado como fator central no branqueamento dos corais. Dados do Climate Reanalyzer indicam que, entre março e abril de 2024, a temperatura média global subiu 0,2°C. Esse aumento, mesmo aparentemente pequeno, tem efeitos drásticos para os organismos recifais.

A poluição também exerce pressão contínua sobre o ecossistema. Resíduos de combustíveis, plásticos, esgoto e até cosméticos comprometem a saúde dos recifes. Além disso, o turismo desregulado contribui com impactos físicos e químicos, como o pisoteio de corais e a contaminação por produtos usados por banhistas.

Diante da gravidade da situação, medidas judiciais já vêm sendo adotadas. Em Maragogi, a Justiça determinou a suspensão das atividades turísticas na Lagoa Azul após ação do Ministério Público Federal, como forma de proteger os recifes da região.

A recuperação do ecossistema marinho depende de ações coordenadas entre o poder público, setor turístico e a sociedade civil. A redução das temperaturas oceânicas e o controle efetivo das fontes de poluição e da atividade humana sobre os recifes são considerados passos fundamentais para a preservação da Costa dos Corais.