O deputado federal Mário Heringer (MG), líder do PDT na Câmara dos Deputados, criticou a condução do governo federal em relação à crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à forma como o ministro da Previdência, Carlos Lupi, tem sido tratado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista ao Estadão, nesta quinta-feira (1º), Heringer defendeu que o partido se afaste da base de apoio ao governo. “Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição. É claro que não depende só exclusivamente de mim, mas essa é a posição que defenderei”, afirmou.

A principal insatisfação do líder pedetista é o que considera uma desautorização do presidente Lula a Lupi, após a nomeação de Gilberto Waller Junior para a presidência do INSS sem consulta prévia ao ministro. A nomeação foi feita em meio à crise provocada por denúncias de um esquema de cobranças indevidas que, segundo investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), causou prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

“A entrevista da ministra Gleisi Hoffmann foi salomônica. Ela disse que o governo manteria o ministro, mas depois o presidente desqualificou Lupi ao indicar o novo presidente do INSS sem consultá-lo”, declarou Heringer.

O deputado também responsabilizou o governo pelas nomeações na autarquia. “Lupi indicou, mas quem aprova é a Casa Civil. A responsabilidade é do governo, e deveria ter havido uma defesa conjunta da posição do ministro. Isso nos coloca em uma situação de extremo constrangimento.”

O escândalo no INSS já resultou na demissão de Alessandro Stefanutto, ex-presidente da instituição e indicado por Lupi. A Justiça Federal autorizou a quebra de sigilos de comunicação dele e de outros seis ex-dirigentes suspeitos de envolvimento no esquema.