O reajuste do salário mínimo para 2025 gerou dúvidas entre a população, após o anúncio de medidas contracionistas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Atualmente, a fórmula de reajuste considera a inflação e um aumento baseado no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com os números atuais, a previsão é que o salário mínimo tenha um ganho real de 2,9% em 2025, podendo chegar a 3,3% em 2026.

No entanto, a equipe econômica do governo propôs limitar esse ganho real a 2,5%, que corresponde à correção máxima definida pela nova regra fiscal do arcabouço. Em uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (5), a XP Investimentos indicou que o salário mínimo poderia subir de R$ 1.412 para R$ 1.524, o que representaria um aumento de 7,93%. Este valor supera a estimativa apresentada pelo governo federal no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que previu o piso salarial nacional em R$ 1.509 a partir de janeiro.

Sob as novas regras que estão sendo analisadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o salário mínimo poderia atingir R$ 1.515, já que o ganho real seria limitado à expansão do arcabouço fiscal, que será de 2,5% no próximo ano. Essas discussões fazem parte de uma estratégia do ministro Haddad para controlar o crescimento de gastos obrigatórios, como os benefícios previdenciários e assistenciais.

Impacto nas contas públicas

Caso o salário mínimo seja elevado para R$ 1.524, o impacto adicional nas contas públicas seria de aproximadamente R$ 13,3 bilhões. Isso ocorre porque diversos benefícios, como os da Previdência Social, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o seguro-desemprego e o abono salarial, são atrelados ao valor do salário mínimo. Assim, sempre que o piso salarial sobe, o valor mínimo desses benefícios também aumenta.

Nos últimos dias, o governo tem discutido um pacote de cortes de gastos para equilibrar as contas públicas. O anúncio das medidas, que já foi adiado por uma semana, inclui a possibilidade de limitar o ganho real do salário mínimo a 2,5%, em conformidade com a regra fiscal do arcabouço. Se a proposta for aprovada, o governo estima que a economia resultante seria de cerca de R$ 11 bilhões entre 2025 e 2026, valores que podem contribuir para o cumprimento da meta fiscal do próximo ano.