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Palco virtual e machismo explicam caso Gabriel Monteiro, dizem psicólogos

Um "palanque virtual" permanente —com 6,8 milhões de inscritos só no YouTube— aliado ao machismo estrutural alimentaram condutas do vereador Gabriel Monteiro (PL) denunciadas por mulheres, assessores e ex-assessores, segundo avaliam psicólogos ouvidos pelo UOL.
Para especialistas, o teor das denúncias de violência sexual —que estão sob investigação— mostram que o youtuber adotou um comportamento "acima da lei" que "não respeita o limite e o não". Essa postura, que flerta com a impunidade, também pode explicar a produção de vídeos com fortes indícios de manipulação pelo vereador, segundo profissionais de saúde consultados pela reportagem.
A intimidação das vítimas —haja vista que as denúncias vieram à tona anos depois— torna-se mais grave à medida que envolve força policial e política, alertam os psicólogos. Eles comentaram as denúncias contra Monteiro com base nos casos publicados na imprensa. Os relatos de ao menos três mulheres à TV Globo apresentam uma mesma forma de ação —um início de relação sexual consentida que termina em estupro.
A defesa do vereador nega que ele tenha cometido qualquer crime. Por meio de nota, Monteiro desqualificou as acusações dizendo que elas não têm nomes, datas ou indícios de materialidade. A reportagem do UOL submeteu as análises dos psicólogos ao advogado Sandro Figueiredo, mas ele não se manifestou. Se o fizer, o posicionamento será incluído nesta reportagem.
Política como pano de fundo O ex-PM, que integrou o MBL (Movimento Brasil Livre), foi o terceiro vereador mais votado do Rio de Janeiro e se aliou a bolsonaristas. Para o psicólogo Bruno Correia da Mota, mestre em psicologia pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), a exposição nas redes sociais —com viés sensacionalista— tem como pano de fundo a conjuntura política e a sede por espetáculo.
"O que se sustenta é o palanque virtual. É uma sociedade do espetáculo que se sustenta em uma superfície moralista para conseguir votos. (...) Ele usa uma máscara para atrair um público, e não tem como sustentar isso, o que vai gerando essa figura acima do bem e do mal, moralista", afirma. Mota analisa que se trata de uma forma de fazer política que constrói um "mito do herói" —figura que, segundo o psicólogo, salvará a sociedade, mas ignora a lei e se entende como impune.
"Uma coisa é a performance midiática e outra é o que se passa nos bastidores. Quando você vê os vídeos dele, parece que é uma série de ação. É um teatro que ele constrói", diz o psicólogo, que é coordenador regional da Articulação Nacional de Psicólogas/os Negras/os e Pesquisadoras/es. Para ele, Monteiro é o protagonista de uma narrativa forjada por ele próprio.
Reportagem da TV Globo também mostrou que vídeos produzidos para seu canal do YouTube têm indícios de fraude e manipulação. O UOL calculou que a Câmara Municipal gastou ao menos R$ 871 mil com funcionários do gabinete de Gabriel Monteiro que produziam vídeos.
"É um tipo de personalidade que vê o outro como uma parte dele, então, não se respeita o limite e o não. É como se o outro estivesse errado, o outro é ruim, o que também se assemelha ao comportamento narcisista. Parece uma criança mimada, que tem uma narrativa persecutória", disse Bruna Correia da Mota, psicóloga.
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