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Quando o prazer de comer vira um risco para a saúde
Excesso na comida e bebida pode prejudicar os mecanismos de fome e saciedade, além de desencadear diversas doenças
Sem uma origem muito precisa, o Dia da Gula, celebrado em 26 de janeiro, é uma data para pensar melhor sobre todos os aspectos que envolvem o nosso prazer em comer. De acordo com o Dicionário Aurélio, a gula é o excesso na comida e na bebida, além de apego excessivo a boas iguarias. Já o escritor italiano Dante Alighieri, em sua Divina Comédia, apresenta a gula como o segundo pecado capital.
Mas, de onde veio este costume de comer mesmo sem estar verdadeiramente com fome? A relação do homem com a comida mudou ao longo da história da humanidade. No tempo das cavernas, as pessoas ingeriam muita comida durante as refeições porque precisavam estocar gordura para os tempos de escassez. Com isso, comer mais do que o necessário passou a ser associado a uma questão de ordem biológica.
No século XVII, por exemplo, a gordurinha extra por baixo das roupas era um sinal de fartura e sinônimo de poder. Nos séculos XIX e XX, o ato de comer passou a se aliar à qualidade do que se comia e, associando a gordura a um sintoma de doença, manter-se magro acabou se tornando um padrão de beleza e apontado como sinônimo de saúde.
A nutricionista e professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Danielle Alice Vieira alerta que comer além da necessidade traz prejuízos nos mecanismos de fome e saciedade. “Em outras palavras, seu cérebro terá dificuldade em parar na hora certa e ficará condicionado a sempre querer mais e mais, o que favorecerá o ganho de peso”, ressalta.
Daí a necessidade de cada pessoa se dar conta da diferença entre fome (resultado da necessidade orgânica de nutrientes e energia) e vontade de comer, que na maior parte das vezes funciona como um mecanismo de compensação por se sentir sozinha, incompleta ou fracassada em alguma outra área da vida. A gula pode desencadear vários problemas de saúde, como obesidade e aumento do colesterol que, por sua vez, podem levar a problemas cardíacos e respiratórios.
Roberto Lopes, professor do curso de Psicologia da Unit/AL, assinala que muitas pessoas têm dificuldade em controlar a vontade desenfreada de comer e, nestes casos, o mais indicado é buscar ajuda de um especialista. “Quando qualquer situação afeta as outras áreas de sua vida, o próprio corpo, há necessidade de ajuda psicológica e medicamentosa”, ensina.
Equilíbrio e mastigação
Danielle Alice destaca a importância de buscar o equilíbrio e de ter bom senso quando o assunto é alimentação, lembrando que dietas muito restritivas ou que privam a pessoa de fontes importantes de nutrientes - como os carboidratos - acabam por trazer mais prejuízos do que benefícios para a saúde.
“O segredo é saber dosar as quantidades, priorizar os alimentos naturais, evitar industrializados, frituras, embutidos e excesso de açúcar, além de manter-se hidratado, bebendo pelo menos 2 litros de água por dia”, aponta.
A especialista dá dicas preciosas de alimentação para aumentar a saciedade e, assim, não cair na tentação de comer mais do que o necessário. “Alimentos ricos em fibras, como as frutas com casca, folhas e grãos integrais, aumentam a saciedade. As refeições protéicas também favorecem que o indivíduo fique saciado mais rápido. Por exemplo, ao invés de um pão com manteiga, consumir um pão com ovo, alface e tomate trará mais saciedade”, ensina.
Outra coisa muito importante, destaca a nutricionista, é mastigar bem os alimentos e alimentar-se sem pressa, para que o corpo perceba a quantidade de alimento ingerida.
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