Sob pressão para destravar emendas parlamentares represadas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerou, nesta semana, a liberação de recursos do Orçamento indicados por deputados e senadores. Desde domingo (15), mais de R$ 625 milhões em emendas individuais foram liberados, sendo a maior parte destinada ao Centrão.

Um levantamento feito pelo portal Metrópoles aponta que PSD, União Brasil e MDB lideram a lista de beneficiários, com mais de R$ 241 milhões empenhados. Quando somadas as liberações a parlamentares de PSD, União, MDB, PP e Republicanos — as cinco principais siglas do Centrão — o montante supera R$ 347 milhões, o equivalente a mais de 55% do total. O PT ficou com R$ 70 milhões, enquanto o PL recebeu R$ 69,5 milhões.

Durante a tramitação da Lei Orçamentária de 2025, o Congresso reservou cerca de R$ 50,4 bilhões para emendas parlamentares, sendo R$ 24 bilhões destinados a emendas individuais. A aprovação do Orçamento foi atrasada por tensões entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), que culminaram em medidas do ministro Flávio Dino para aumentar a transparência e a rastreabilidade no uso das verbas, agravando a crise institucional entre os poderes.

O governo federal enfrenta dificuldades para manter uma base sólida no Legislativo. A relação com o Centrão tem oscilado, influenciada por medidas impopulares, queda na aprovação do governo e episódios recentes como a operação da Polícia Federal contra fraudes no INSS, que reacendeu a pressão da oposição por uma CPMI.

Na última segunda-feira (16), o governo sofreu derrota na Câmara dos Deputados com a aprovação da urgência de um projeto que tenta barrar o decreto que aumenta o IOF.