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Renda extra

Aposentados enfrentam desafios para complementar renda

Precarização da aposentadoria leva muitos a permanecer no mercado de trabalho.

Por Redação com Agência Brasil 01/05/2024 15h03
Aposentados enfrentam desafios para complementar renda
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Júlio Hagio, produtor rural de 70 anos, começa a trabalhar todos os dias às 4h da manhã e encerra a jornada por volta das 18h. Desde criança, Hagio sempre ajudou o pai na lavoura, e mesmo depois de se aposentar, ele continua trabalhando para complementar a renda.

"Estou recebendo benefício, aposentadoria, mas com um salário mínimo só não tem como a gente sobreviver, né? Tem que pagar o remédio, isso, aquilo. Aí não sobra nada. Então, eu ajudo meus filhos, para complementar a renda", conta o trabalhador, que vive em Mogi das Cruzes (SP).

Hagio é um dos 23 milhões de aposentados no Brasil, de acordo com o Sistema Único de Informações de Benefício. Embora o sistema previdenciário seja o maior programa social do país, concedendo cerca de 40 milhões de benefícios todos os meses, muitos aposentados não conseguem sobreviver apenas com seus benefícios e precisam continuar trabalhando para complementar a renda.

O secretário nacional de Administração da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Brasil, Ariovaldo de Camargo, afirma que a remuneração dos aposentados muitas vezes não é suficiente para garantir sua sobrevivência.

"As pessoas não conseguem permanecer aposentadas e acabam retornando ao mercado de trabalho porque a remuneração não é suficiente", explica Camargo. Segundo ele, as mudanças decorrentes da reforma da Previdência aprovada em 2019 podem levar a uma maior precarização das condições dos aposentados.

Professores como Dora Cudignola, que trabalha em São Paulo, enfrentam desafios semelhantes. A professora aposentada pelo Estado ainda trabalha para complementar a renda e expressa preocupação com a falta de reajustes salariais nos últimos anos.

"O professor, daqui a pouco, está ganhando um salário mínimo. Ele vai chegar a esse ponto. Porque nós não temos aumento há muito tempo", ressalta.

Os impactos da reforma da Previdência também preocupam Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Ele aponta que a reforma exige uma maior duração de contribuição, o que pode resultar em precarização das condições de trabalho e adoecimento entre a categoria.

Sandra Nascimento, outra professora aposentada, ressalta a importância do planejamento para a aposentadoria. Ela começou a se preparar cerca de 10 anos antes de se aposentar, buscando uma nova carreira como empreendedora e consultora.

Enquanto isso, Eduardo Aguiar, de 65 anos, está em vias de se aposentar. Ele enfrenta incertezas financeiras e conta que a instabilidade salarial torna difícil prever seu futuro econômico.

Sandra Rabello, coordenadora de Extensão do Núcleo de Envelhecimento Humano da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), enfatiza a necessidade de discutir a presença de idosos no mercado de trabalho, especialmente diante da implementação da reforma da Previdência.

"Como as pessoas estão vivendo mais, a Previdência tem que entender e trabalhar em outro viés para que atenda essa aposentadoria de forma digna", diz.

O cenário exige uma atenção urgente para garantir que os idosos possam trabalhar em condições dignas, caso desejem permanecer ativos no mercado de trabalho após a aposentadoria.

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