No ano passado, líderes mundiais, executivos corporativos e acadêmicos se reuniram no Bletchley Park, na Grã-Bretanha, para a primeira Cúpula Global de Segurança em Inteligência Artificial (IA). O objetivo era chegar a um consenso sobre a regulamentação da tecnologia, que alguns alertaram ser uma ameaça potencial à humanidade.

Figuras como o magnata da Tesla, Elon Musk, e o CEO da OpenAI, Sam Altman, compareceram ao evento, junto com críticos da tecnologia. Além disso, a China co-assinou a "Declaração de Bletchley" com os Estados Unidos e outros países, demonstrando disposição para cooperar, apesar das tensões com o Ocidente.

Seis meses depois, a segunda Cúpula de Segurança em IA será realizada principalmente de forma virtual, coorganizada pela Grã-Bretanha e pela Coreia do Sul. O entusiasmo em torno do potencial da IA tem sido substituído por preocupações sobre suas limitações.

Martha Bennett, analista sênior da empresa de pesquisa e consultoria Forrester, observou: "Existem algumas abordagens radicalmente diferentes... será difícil ir além do que foi acordado em Bletchley Park", referindo-se ao amplo acordo sobre segurança em IA alcançado anteriormente.

Questões sobre a utilização de material protegido por direitos autorais, escassez de dados e impactos ambientais da IA também estão sendo abordadas.

Encontro em Seul e expectativa para Paris

A cúpula de Seul, de 21 a 22 de maio, é vista como uma "mini cúpula" em preparação para a próxima reunião presencial em Paris. Uma "sessão de líderes" virtual no primeiro dia e uma reunião presencial de ministros da tecnologia no segundo dia pretendem continuar o legado de Bletchley Park.

No entanto, há expectativas de menor participação de líderes e ministros em comparação com a primeira cúpula. O governo francês adiou a próxima reunião para 2025.

Os principais reguladores tecnológicos da União Europeia não comparecerão, e não está claro quem representará o Departamento de Estado dos EUA. Outros países, como o Brasil, ainda estavam considerando os convites.

Desafios e oportunidades

O Departamento de Estado dos EUA confirmou que enviaria representantes a Seul, mas não informou quem. Outros países, como Canadá e Holanda, afirmaram que não compareceriam.

Linda Griffin, líder de políticas públicas da Mozilla, comentou sobre a importância de continuar a discussão. "Conseguir acordos internacionais é realmente difícil, por isso podem ser necessárias algumas iterações destes eventos para encontrar um ritmo." Já a organização por trás do navegador Firefox está focada na próxima cúpula em Paris.

A unidade de pesquisa em IA Google DeepMind também saudou a cúpula, mas não confirmou sua presença. Geoffrey Hinton, ex-pesquisador do Google e "padrinho" da IA, recusou o convite para o evento devido a uma lesão que dificultou o voo.

Um porta-voz do governo britânico afirmou: "A AI Seoul Summit aproveitará o ímpeto de Bletchley Park para promover mais progresso na segurança, inovação e inclusão da IA, aproximando-nos de um mundo onde a IA está melhorando nossas vidas em todos os aspectos".