A transformação do Partido Republicano é evidente nos comícios de Donald Trump: a multidão é composta principalmente por eleitores da classe trabalhadora, muitos sem diploma universitário, alinhados com suas reformulações na plataforma do partido, desde imigração até comércio e política externa.

Uma análise de uma década de sondagens da Reuters/Ipsos mostra como o eleitorado republicano dos EUA mudou tanto em composição quanto em pontos de vista. O clássico "clube de campo" republicano, abastado e instruído, agora representa uma fatia menor do eleitorado.

No seu lugar, está um eleitorado republicano mais isolacionista, cético em relação à globalização, desconfiado do processo eleitoral e mais propenso a ver os Democratas como uma ameaça do que era na primeira candidatura presidencial de Trump, em 2015.

Mesmo com Trump fora do cargo, a mudança está influenciando a política nos EUA. Os republicanos linha-dura da Câmara bloquearam, durante cinco meses, os apelos do presidente democrata Joe Biden por mais ajuda à Ucrânia na luta contra a invasão russa.

Anos atrás, os republicanos eram geralmente falcões em relação à Rússia, e figuras proeminentes do partido, como o candidato presidencial de 2012, Mitt Romney, eram defensores do livre comércio. Isso mudou.

Hoje, um em cada cinco republicanos acredita que os EUA deveriam frequentemente usar força militar para atingir objetivos de política externa, contra um em cada três uma década atrás. Apenas metade tem "pelo menos alguma" confiança na integridade eleitoral, abaixo dos dois terços anteriores.

A visão da imigração como uma ameaça iminente aumentou entre os republicanos, enquanto o apoio ao livre comércio diminuiu.

Essas mudanças refletem um eleitorado mais populista, alimentado pelo populismo de Trump, influenciando o partido em geral, segundo J. Miles Coleman, analista do Centro de Política da Universidade da Virgínia.

"É difícil imaginar o partido voltando a nomear candidatos como Mitt Romney", afirma Coleman, apontando para um êxodo de republicanos da velha guarda, como Romney, que se aposentará do Senado dos EUA no final do ano.