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Quebrando barreiras

10 desafios da maternidade no ambiente profissional

50% das mães são demitidas após dois anos de licença maternidade

Por Redação com Assessoria 19/03/2024 14h02
10 desafios da maternidade no ambiente profissional
Foto: Freepik

O recente caso da Miss Acre Carla Cristina, que perdeu seu título por ser mãe, trouxe à tona questões profundas sobre maternidade e mercado de trabalho, ressaltando desafios ainda comuns enfrentados por mulheres que desejam conciliar carreira profissional com a maternidade.

A persistência de estereótipos e preconceitos arraigados, mesmo em espaços que promovem a representatividade feminina, como concursos de beleza, é evidente no episódio vivido por Carla Cristina.

De acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, quase metade das mulheres que usam licença-maternidade se afastam do mercado de trabalho após 24 meses, uma tendência que persiste até cerca de 47 meses após o parto.

Entre 247 mil mães analisadas, 50% enfrentaram demissão após aproximadamente dois anos de licença maternidade. A Lei 14.020 prevê estabilidade no emprego desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

Esses dados revelam disparidades no tratamento dado às mulheres que se tornam mães em comparação aos homens que se tornam pais. É essencial que as responsabilidades parentais sejam equitativamente compartilhadas e respeitadas pelas organizações.

Além disso, há variações significativas ao considerar o nível de escolaridade, evidenciando a desigualdade social. Mulheres com ensino superior apresentam redução de emprego de 35% após 12 meses da licença, enquanto aquelas com menor escolaridade enfrentam queda de 51%.

Outros preconceitos também se fazem presentes, como aponta estudo da Plure, HRtech especializada em recursos humanos. Mulheres LGBTQIAP+ enfrentam barreiras adicionais para ascender a cargos seniores e de liderança, evidenciando a falta de inclusão.

Considerando uma abordagem interseccional, o estudo indica que 43,79% das mulheres LGBTQIAP+ estão desempregadas, acima da média geral de 39,35%, com 7,69% delas sendo mães.

“É um equívoco pensar que ser mãe diminui a capacidade profissional de uma mulher. Pelo contrário, a maternidade traz consigo habilidades valiosas, como organização e resiliência”, afirma a CEO da Plure, Jhenyffer Coutinho.

O impacto da maternidade vai além do mercado de trabalho. O estudo “Cuidando de quem cuida” da Genial Care mostra que 86% dos cuidadores de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) são mães, muitas das quais abandonam planos pessoais e profissionais para se dedicarem aos filhos.

“Cuidar de uma criança com deficiência é difícil, principalmente pela desinformação da sociedade. Muitas mulheres cuidam dos filhos sozinhas ou com pouco apoio”, alerta a Líder Clínica da Genial Care Academy, Mariana Tonetto.

É importante reconhecer o impacto mental e emocional enfrentado pelas mães ao tentar conciliar suas responsabilidades familiares e profissionais.

“A pressão para se adequar a padrões inatingíveis de produtividade e disponibilidade muitas vezes resulta em estresse, ansiedade e sentimentos de inadequação”, comenta a psicanalista e Presidente do Ipefem, Ana Tomazelli.

Ana enfatiza a necessidade de políticas inclusivas que reconheçam e valorizem a maternidade. “É fundamental que as empresas adotem políticas que garantam igualdade de oportunidades e tratamento justo para todas as mulheres, independentemente do estado civil ou parentalidade”, declara.

Esses desafios demandam uma discussão franca e positiva para estabelecer ambientes de trabalho mais acolhedores e justos. Somente assim poderemos progredir em direção a uma sociedade genuinamente inclusiva e igualitária, onde a maternidade não seja uma barreira para o desenvolvimento profissional e pessoal das mulheres.

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