Estima-se que 370 mulheres em Alagoas sejam diagnosticadas com câncer de colo de útero anualmente, uma triste realidade que o Ministério da Saúde busca transformar. O órgão anunciou a incorporação da testagem molecular ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma estratégia que se revelou eficaz na detecção do vírus HPV e no rastreamento do câncer de colo de útero.

A decisão, publicada na última sexta-feira (8) no Diário Oficial da União, representa um passo crucial na eliminação do câncer como problema de saúde pública. No ano passado, o Ministério investiu expressivos R$ 18 milhões em um projeto piloto de testagem realizado em Pernambuco.

Intervalo de exames ampliado e maior adesão

A incorporação da testagem molecular não apenas melhora a eficácia no diagnóstico precoce, mas também estende o intervalo entre os exames. Enquanto o atual rastreio por Papanicolau é recomendado a cada três anos, com exames anuais em caso de lesão, a testagem é indicada a cada cinco anos. Isso não apenas torna o processo mais acessível, mas também aumenta a adesão das mulheres ao exame.

"Essa mudança é um ganho significativo para as mulheres. Além da eficácia no diagnóstico, o aumento do intervalo entre os exames facilita o acesso e incentiva a prevenção", destaca um porta-voz do Ministério da Saúde.

Quarta causa de óbito entre mulheres

Apesar de ser uma doença prevenível, o câncer de colo de útero persiste como o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, resultando na quarta causa de óbito por câncer. Atingindo principalmente mulheres negras, pobres e com baixa escolaridade, a doença afeta cerca de 17 mil brasileiras anualmente, sendo 5.280 na região Nordeste e 370 em Alagoas.

A infecção por HPV, a mais comum infecção sexualmente transmissível no mundo, é a causa conhecida da doença. Embora existam alternativas preventivas, como a vacinação e o uso de preservativos, o câncer de colo de útero persiste como uma das principais causas de morte entre mulheres em idade fértil no Brasil.

Testagem: Padrão Ouro na Detecção

Recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a testagem molecular é considerada o padrão ouro para a detecção do câncer de colo de útero. A decisão de sua incorporação ao SUS foi respaldada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que a considerou mais precisa que as opções já oferecidas pelo sistema.

Avanços Científicos na Promoção da Equidade de Gênero

Em 2023, o Ministério da Saúde registrou avanços significativos na promoção da equidade de gênero na pesquisa científica. Em chamadas públicas para estudos transdisciplinares em saúde coletiva, evidências em saúde e saúde de precisão, foram selecionados 176 projetos liderados por mulheres, destacando o papel fundamental das pesquisadoras.

Dos 201 projetos aprovados na Chamada Nº 21/2023, abrangendo estudos transdisciplinares, 130 são liderados por mulheres, representando 64% do total. Na Chamada 22/2023, focada em evidências em saúde, 8 dos 12 projetos aprovados são coordenados por mulheres. Na Chamada Nº 16/2023 de Saúde de Precisão, 38 dos 94 projetos aprovados têm mulheres como líderes.

Esses resultados evidenciam um compromisso crescente com a promoção da diversidade e equidade de gênero no cenário científico, impulsionando a representatividade das mulheres em áreas cruciais da pesquisa.