A escalada brutal de feminicídios no Brasil, com mais de 10 mil casos registrados desde 2015, sinaliza uma realidade alarmante que não pode ser ignorada. Telma Abrahão, biomédica e especialista em neurociência comportamental infantil, lança luz sobre a relação entre traumas na infância e a violência contra a mulher, destacando a necessidade urgente de intervenções precoces.

Telma Abrahão argumenta que "os algozes de hoje foram, muitas vezes, as vítimas de ontem", ressaltando como o ambiente violento na infância molda comportamentos agressivos na vida adulta. Estudos respaldam essa visão, evidenciando uma correlação entre experiências adversas na infância e a propensão a perpetrar ou sofrer violência na fase adulta.

Com uma taxa recorde de 1.463 mulheres vítimas de feminicídio apenas no último ano, Abrahão destaca a importância de políticas públicas eficazes. "Precisamos de medidas que não apenas punam, mas que ofereçam caminhos de cura e reintegração para aqueles moldados pela violência desde a infância", afirma.

A especialista destaca a urgência de abordar as causas raízes da violência, indo além das medidas reativas. "Cada caso de feminicídio é um sintoma de uma sociedade que falhou em proteger suas crianças e, por extensão, suas mulheres", alerta Abrahão.

Diante desse cenário, urge o enfrentamento à violência contra a mulher nas agendas políticas, alocando recursos para o desenvolvimento de programas de educação e suporte psicológico. "O combate efetivo começa com a proteção e o suporte às crianças, longe dos ciclos de violência que assolam nossa sociedade”, conclui Abrahão, chamando a atenção para uma ação imediata.