O uso cada vez mais frequente de Tadalafila, comercialmente conhecida como Cialis, por jovens em academias em busca de melhores resultados de desempenho está gerando preocupações significativas entre os especialistas. Embora a substância seja tradicionalmente associada ao tratamento de disfunção erétil em homens mais velhos, seu uso por uma faixa etária mais jovem levanta sérias questões sobre os potenciais efeitos adversos decorrentes do consumo prolongado.

Thiago de Melo, farmacêutico e pesquisador em Ciências Farmacêuticas, além de professor de pós-graduação e graduação na Universidade Vila Velha (UVV), esclarece que a Tadalafila potencializa a ação do óxido nítrico, intensificando a resposta vasodilatadora. "Essa ação, muitas vezes, atrai atletas e frequentadores de academias, embora seu efeito principal não seja nos músculos, mas sim nos corpos cavernosos do pênis, inibindo uma enzima chamada fosfodiesterase tipo 5", revela.

O pesquisador destaca a questão fundamental sobre se a suposta vantagem de um "efeito pump muscular" vale os riscos associados ao uso contínuo da substância. "A faixa etária e os riscos desnecessários associados ao consumo diário, especialmente em doses elevadas de 20 mg, são preocupações centrais que precisam ser consideradas", afirma.

Melo enfatiza a diferença entre idosos que buscam melhorar a função endotelial reduzida e jovens que incorporam a Tadalafila à sua rotina diária. Ele alerta para os riscos a longo prazo, incluindo a possibilidade de desenvolvimento de disfunção erétil e a necessidade de intervenções cirúrgicas invasivas. "Esses efeitos colaterais não apenas contradizem as expectativas dos usuários, mas também impõem sérios desafios emocionais e psicológicos", destaca.

O pesquisador instiga uma reflexão sobre o caminho escolhido para a saúde, destacando que o desejo pelo corpo perfeito não deve obscurecer os riscos associados ao uso indiscriminado de substâncias como a Tadalafila. Ele reforça a responsabilidade dos profissionais de saúde em educar sobre esses riscos, incentivando escolhas mais informadas e seguras. "O preço aparentemente baixo por resultados na academia não pode comprometer a saúde a longo prazo. É hora de reconsiderar o caminho trilhado na incessante busca por padrões estéticos", conclui Melo.