Pesquisadores chineses conquistaram um marco na clonagem de primatas ao empregar um procedimento singular, semelhante a um "transplante de placenta", para realizar com êxito a clonagem de um macaco-reso (Macaca mulata). Essa espécie, amplamente utilizada em pesquisas biomédicas, representa um avanço notável que poderá se tornar uma ferramenta crucial para estudos relacionados à biologia reprodutiva e ao desenvolvimento, beneficiando-se da proximidade evolutiva entre os resos e os seres humanos.

O estudo, liderado por Falong Lu, Zhen Liu e Qiang Sun, todos vinculados a diferentes órgãos da Academia Chinesa de Ciências, foi recentemente publicado na renomada revista Nature Communications, especializada e de acesso livre.

Esta conquista não é a primeira clonagem reprodutiva bem-sucedida de primatas, uma vez que um macaco da espécie cinomolgo (Macaca fascicularis), também utilizado em pesquisas biomédicas, já havia sido clonado anteriormente. No entanto, o estudo chinês destaca-se ao gerar um membro clonado da espécie macaco-reso que sobreviveu com saúde no longo prazo, representado por um macho de dois anos de idade.

Os pesquisadores concentraram-se em aprimorar as técnicas de clonagem reprodutiva e compreender as complexidades que frequentemente levam a falhas nesse processo. A baixa eficiência da clonagem é uma constante desde a famosa ovelha Dolly nos anos 1990, geralmente requerendo centenas de óvulos e dezenas de "mães de aluguel" para obter poucos filhotes nascidos vivos, independentemente da espécie.

A dificuldade está associada à reprogramação molecular das células durante a clonagem, onde é necessário persuadir o material genético do núcleo de uma célula adulta a retornar ao estado existente no momento da fecundação. Os desafios incluem a complexa ativação e desativação de diferentes trechos do DNA, especialmente relacionados à origem paterna ou materna.

Os pesquisadores chineses identificaram que um dos principais obstáculos para a eficácia dos procedimentos de clonagem é a "etiquetagem" caótica do DNA do clone, diferente do padrão encontrado na fecundação normal. Esse problema é particularmente agudo nas células do clone destinadas à formação da placenta, essencial para a circulação de nutrientes entre a mãe e o feto.

Em uma abordagem inovadora, a equipe produziu embriões de macacos-resos por fertilização in vitro convencional e, simultaneamente, embriões clonados. Através de técnicas de microcirurgia, uniram as células precursoras da placenta dos embriões naturais ao "corpo" dos embriões clonados, inclusive gerando placentas com DNA de indivíduos não clonados. Embora a eficiência desse método ainda seja comparável às técnicas tradicionais, os pesquisadores acreditam que o "transplante" poderá facilitar futuros avanços na clonagem de primatas.

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