Análise realizada pela Cannect, o maior ecossistema de cannabis medicinal da América Latina, revelou uma significativa queda no custo mensal do tratamento com CBD (o principal componente ativo da planta) no Brasil, atingindo uma redução de 41% em um período de dois anos, de novembro de 2021 a 2023. Além disso, estratégias como negociações com marcas parceiras e otimização logística, suportadas por uma plataforma tecnológica de ponta, foram fundamentais para uma diminuição expressiva de 70% no valor do frete, passando de mais de R$ 400 para R$ 120 no mesmo intervalo de tempo.

A pesquisa, baseada em dados de 35 mil pacientes, demonstrou que o custo médio mensal do tratamento passou de R$ 508,35 para aproximadamente R$ 300. Paralelamente, os valores médios das consultas médicas e odontológicas relacionadas ao tratamento tiveram uma redução de 42%, caindo de uma média de R$ 300 para R$ 175.

Allan Paiotti, CEO da Cannect, atribui a diminuição no custo das consultas ao crescente interesse e atualização de médicos sobre a prescrição de terapias com cannabis. Ele destaca a mudança de paradigma entre os profissionais de saúde, impulsionada pelo aumento de estudos científicos sobre a eficácia da cannabis no tratamento de condições como epilepsia, ansiedade e dor crônica. "Com mais médicos prescritores, o paciente se beneficia com o acesso", afirma Paiotti.

Apesar desses avanços, a judicialização ainda persiste como uma realidade para pacientes dependentes exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). A morosidade na tramitação de projetos de lei e na implementação da cannabis no SUS em estados que já aprovaram a disponibilização dos medicamentos resulta em altos custos para os cofres públicos. São Paulo, por exemplo, sancionou a lei em janeiro, mas até agora não efetivou a publicação, gerando gastos recordes de R$ 25,6 milhões em processos judiciais.

Paiotti destaca: "Embora o tratamento tenha se tornado mais acessível para a população, o custo ainda é um desafio para os pacientes mais carentes, impedindo o benefício amplo e irrestrito para quem depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Sem alternativa garantida por lei, os pacientes precisam partir para a judicialização."

Crescimento no Uso de Cannabis Medicinal no Brasil

De acordo com dados da Kaya Mind, cerca de 430 mil pessoas estão em tratamento com cannabis medicinal no Brasil, mais que o dobro do número registrado em 2022, que não ultrapassava 200 mil pacientes. Estima-se que aproximadamente 130 milhões de brasileiros possam se beneficiar da cannabis medicinal, uma opção de tratamento eficaz para uma variedade de condições, incluindo Transtorno do Espectro Autista (TEA), epilepsia, fibromialgia, esquizofrenia, entre outras.

Levantamento da Fiocruz, em abril deste ano, destaca o crescente potencial terapêutico dos canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), para diversas condições clínicas e enfermidades. As pesquisas evidenciam a eficácia desses compostos na redução de sintomas relacionados à dor crônica, espasticidade, transtornos neuropsiquiátricos e efeitos colaterais da quimioterapia, proporcionando uma nova perspectiva de tratamento para pacientes em todo o país.