Economia
Aumento do número de contratações 50+: veja como se preparar para a recolocação profissional
Psicóloga e profissional especialista no setor de Pessoas & Cultura fala sobre a importância da diversidade etária nas empresas .
A pluralidade nos processos de contratação tem sido um tema recorrente em fóruns empresariais, com destaque à diversidade etária que alcançou uma ampliação significativa ao longo dos últimos anos no Brasil. Em pouco mais de uma década, o país testemunhou um crescimento superior a 110% no número de trabalhadores com mais de 50 anos inseridos no mercado de trabalho, saltando de 4 milhões para 9 milhões, de acordo com números do Ministério do Trabalho.
Atualmente, o Brasil conta com 55 milhões de pessoas com mais de 50 anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segmento demográfico caracterizado por um alto nível de experiência e especialização. Dados da Agência Brasil revelam que 38% dos integrantes dessa faixa etária possuem o Ensino Médio, enquanto 24% concluíram o Ensino Superior, refletindo uma força de trabalho não apenas maior em número, mas também significativamente qualificada.
O mercado está mostrando uma maior abertura para a contratação de pessoas 50+, valorizando a senioridade e a experiência profissional consolidada desses profissionais, observa Renata Fonseca, psicóloga, especialista em Pessoas e Cultura e sócia da Refuturiza, ecossistema pioneiro a unir Educação e Empregabilidade. “Essas contratações são impulsionadas por uma agenda de Diversidade e Inclusão que está ganhando muita força nas empresas”, afirma. Este movimento é uma resposta à necessidade de trazer perspectivas variadas e aproveitar a rica bagagem de conhecimento desses profissionais.
Desafios e oportunidades
Apesar da abertura do mercado, Renata destaca que ainda existe um preconceito de que pessoas 50+ são desatualizadas, principalmente em termos de novas tecnologias. “É fundamental que esses profissionais mostrem, através de exemplos práticos, que estão atualizados e têm muito a contribuir”, explica.
Outro ponto que precisa ser desconstruído é o clichê de que pessoas mais velhas são menos abertas a mudanças. “Embora possa haver um estereótipo de que profissionais mais velhos são resistentes a mudanças, o fato de já terem passado por diversas experiências e desafios ajuda na construção da competência de se adaptar às mudanças e na construção de uma resiliência para lidar com novos desafios”, atesta Renata.
A profissional ressalta que profissionais 50+ trazem talentos e habilidades únicas que só a experiência é capaz de desenvolver, tais como:
Solução de problemas, com histórico comprovado de resoluções de problemas complexos;
Mentoria, com capacidade de atuar como mentores para profissionais mais jovens, compartilhando seu conhecimento e oferecendo aconselhamento;
Estabilidade emocional;
Adaptação a mudanças, desenvolvidas através de diversas experiências e desafios enfrentados ao longo da carreira.
“O público 50+ precisa ocupar um lugar diferente e complementar ao público mais jovem, e não ‘competir’ pelo mesmo espaço”, assinala Renata.
Como exemplo do que Renata indica, ganha destaque o filme “O senhor estagiário” (2015), no qual o personagem interpretado por Robert De Niro, Ben Whittaker, um homem de 70 anos, decide se candidatar a um programa de estágio na startup de moda que ocupa o prédio da empresa na qual ele trabalhou durante décadas. Na construção da sua relação com a CEO e fundadora da startup, Jules (Anne Hathaway), o senhor estagiário mostra como a experiência é fundamental na resolução de problemas, tornando-se um mentor não só para Jules, mas para vários outros funcionários de diferentes gerações. Vemos a resiliência do profissional, a dedicação diária ao aprendizado contínuo, a disponibilidade para ensinar e a proatividade, afinal foi dele a iniciativa de organizar a mesa da bagunça que tanto irritava a liderança. Com paciência, troca de experiências e sem perder o seu estilo, o senhor estagiário torna-se indispensável à equipe.
Conselhos para profissionais 50+
Para aqueles que estão se preparando para voltar ao mercado de trabalho, Renata aconselha:
Atualização tecnológica. “O mais importante é se manter atualizado com as novas tecnologias e tendências de mercado.”
Networking. “Use e abuse da sua rede de contatos para buscar novas oportunidades.”
Abertura para aprender. “Esteja aberto a rever seus conceitos e a aprender coisas novas.”
Uma boa forma de se atualizar é por meio de cursos on-line. A plataforma Refuturiza oferece inúmeras capacitações com emissão de certificados que podem ser acessados de forma ilimitada a partir de R$ 12,99 por mês. Um exemplo é o curso de Microsoft Office, que ensina como formatar um texto no Word, fazer apresentações no PowerPoint, montar planilhas no Excel, configurar uma conta de e-mail no Outlook e filtrar dados no Access. Já o curso Ferramentas digitais para trabalho remoto mergulha nas principais funções de ferramentas como Google Teams, Pacote Office on-line, Slack, Trello e Asana.
Dicas para entrevistas de emprego
Para se sair bem em entrevistas, especialmente para aqueles que estão fora do mercado há algum tempo, Renata sugere:
Atualização do LinkedIn. “Atualize e dê uma turbinada no LinkedIn. Existem consultorias especializadas que podem ajudar.”
Retrospectiva da carreira. “Durante a entrevista, faça uma retrospectiva de sua carreira e apresente resultados concretos que você conquistou. Traga, principalmente, situações que demonstrem como sua experiência profissional consolidada e sua senioridade fizeram a diferença.”
Prova de Atualização. “Dê exemplos de como você se mantém atualizado, citando fóruns, grupos de discussão e eventos especializados que você participa.”
Na plataforma da Refuturiza, você também pode cadastrar seu currículo de graça e se abrir para as novas oportunidades. Também é possível realizar testes para descobrir suas habilidades e, assim, abrir mais portas.
Para quem quer ser contratado e para quem contrata
Saber quais as tendências do mercado e como elas estão de acordo com as habilidades e competências do profissional é um passo importante. Para isso há testes disponíveis no mercado, como o DISC, que ajudam a traçar o perfil comportamental e, assim, identificar os pontos positivos e aqueles que precisam ser desenvolvidos para exercer a nova função a fim de ingressar em uma nova carreira.
Neste ponto, de acordo com Renata, é preciso também comprometimento das empresas, sobretudo da área de Pessoas e Cultura, por meio de processos seletivos que promovam o preenchimento de vagas por pessoas diversas, assim como o cultivo de um ambiente de trabalho que permita que todos os membros da equipe prosperem.
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