Política Monetária e Escolas Econômicas: Um Enfrentamento no Brasil? – Economia para não-economistas.
A decisão do Banco Central do Brasil de manter a Selic em 15% na última "super quarta-feira", dia 17 de setembro, não parece ter surpreendido o mercado financeiro, pois essa decisão já havia sido quase toda antecipada pela diretoria do BC na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada em julho. De fato, ataxa Selic começou 2025 com uma tendência de aumento, subindo de 13,25% ao ano, em janeiro, para 15% ao ano,em setembro, o que hoje representa a maior taxa básica de juros da economia brasileira em quase duas décadas.
Neste texto, continuamos a explorar a economia do Brasil, abordando agora o tema da política monetária.
Entenda sobre Política Monetária
A política monetária é a política pública conduzida pela autoridade monetária, que, no Brasil, é conduzida pelo Banco Central (BC). Ela é de fato um pilar central da política econômica do país, pois busca alcançar oequilíbrio entre crescimento, inflação e equilíbrio externo (triângulo keynesiano), ou maximizar as possibilidades do quadrado “mágico” de Kaldor (crescimento, controle da inflação, pleno emprego e equilíbrio externo).
A quantidade de dinheiro em circulação na economia é atualmente controlada pelo Banco Central por meio da política monetária. A autoridade monetária controla a quantidade de dinheiro que circula na economia por meio da taxa básica, também chamada de Selic.
Controle da oferta de moeda e inflação
O Banco Central, então, tem como missão ajustar sua política monetária de modo a manter a inflação sob controle e mais próxima da meta.
Aqui no Brasil, o BC adota um sistema de metas de inflação anual para controlar a estabilidade dos preços. Para 2022, por exemplo, o centro da meta foi de 3,5%, com 1,5% de tolerância para cima e para baixo, já para o ano de 2023, a meta foi de 3,25%. O BC fixou como teto da meta, em 4,5% para 2025.
Quando a inflação está em alta ou com risco de superaquecimento, o BC promove o aumento da taxa Selic, tornando o custo da moeda muito cara e reduzindo a quantidade de dinheiro em circulação, o que produzdesestímulo no consumo das famílias e na queda dos investimentos das empresas. Essa prática é denominada política monetária contracionista.
Todavia, ao perceber que está baixa ou controlada e a economia desaquecida, ou seja, com baixo crescimento, desemprego elevado ou risco de recessão, o BC aumenta a oferta de moeda na economia e baixa a taxa Selic. Neste caso, a demanda por dinheiro na economia irá aumentar, traduzindo numa política monetária expansionista, com aumento de consumo e investimentos.
As funções econômicas da moeda e as escolas econômicas
O dinheiro cumpre, de fato, três funções essenciais na economia: meio de troca, unidade de valor, e reserva devalor.
É através do meio de transação ou de troca que a moeda se torna um instrumento universal de transação na economia, sendo aceita pelos demandadores e fornecedores de bens e serviços. O dinheiro serve também como medida valor, pois, permite avaliar e expressar o valor dos bens e serviços produzidos na economia, ainda, pode ser reserva de valor uma vez que pode ser guardado e utilizado ao longo do tempo.
Para os economistas neoclássicos, a quantidade de moeda circulando na economia é vista como “neutra”, pois não exerce influência para aumentar o nível da atividade econômica do país, nem tampouco no emprego. Para os neoclássicos (liberais), toda vez que que a autoridade monetária atua na economia com oferta de dinheiro para pagar os seus gastos, vai produzir inflação. Para a escola keynesiana, contrariamente à escola neoclássica, a política monetária exerce papel crucial na economia. A oferta de moeda tem papel preponderante tanto para aumentar a atividade produtiva, como para melhorar o nível do emprego.
Reflexão
Durante o governo de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, implementou uma política monetária alinhada ao liberalismo econômico neoclássico, priorizando o controle da oferta de moeda em sua gestão econômica. Em 2021, por exemplo, Bolsonaro assegurou a autonomia do Banco Central e nomeou Roberto Campos Neto, um economista ortodoxo e operador do mercado financeiro, para a presidência da instituição.
Por outro lado, o presidente Lula da Silva optou por indicar o economista heterodoxo Gabriel Galípolo para suceder a Roberto Campos Neto na liderança do Banco Central. O ministro Fernando Haddad parece ter se concentrado a sua política econômica em intermediar a interação entre a política fiscal e a monetária. É frequente se ouvir críticas e questionamentos da atual equipe econômica a respeito da autonomia do Banco Central e do valor da taxa de juros.
Você realmente pensa que, do ponto de vista econômico, estamos presenciando um confronto entre a abordagem neoclássica da equipe do governo passado e a equipe atual, que adota princípios keynesianos?
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