Elias Fragoso

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O eleitorado gado não tem o que reclamar

Por Elias Fragoso 19/04/2025 10h10
O eleitorado gado não tem o que reclamar
Urnas eletrônicas - Foto: Abdias Pinheiro/Secom/TSE

Não tem cabimento, sob nenhum aspecto analisado, que este país, a 10ª maior economia do mundo (já fomos a 7ª no governo FHC) seja dominado politicamente por um milico semialfabetizado de 70 anos, corrupto, golpista, réu como chefe de organização criminosa, inelegível e com histórico seguido de doenças graves e, por um octogenário com a saúde abalada, corrupto condenado nas três instâncias da justiça (com pena suspensa até o final do mandato), com a popularidade no chão e que faz um dos governos mais incompetentes da história deste país.

Ainda mais inadmissível é que o centro democrático (não é o Centrão) que teoricamente representa cerca de 33% do eleitorado nacional (os outros 66% estão divididos irmãmente em 33% entre os dois trastes) não se apresente para articular uma alternativa para tirar este país das mãos dessas duas figuras malsãs?

Estamos a um ano e meio das eleições presidenciais e não se divisa articulações em torno de um nome não comprometido com a “política nacional” atual para liderar a mudança de rumo que a Nação espera ansiosa. E mesmo que venha a surgir, como fazer para romper a enorme barreira montada em torno desses simulacros de partidos que impede a entrada de gente de bem, de fora do covil dos assaltantes do dinheiro público? Como escapar incólume de “compromissos” com os bandidos da política?

Não temos mais um Tancredo Neves que navegava nesse meio lépido e fagueiro, liderando sem comprometer o futuro da Nação, ou um Ulysses Guimarães, um líder inconteste e uma reserva moral deste país. Desde a saída de cena dos dois (e de alguns outros do mesmo naipe) que este país foi entregue à sanha de bandidos políticos associados às máfias, ao crime organizado, às drogas, à prostituição infantil, ao tráfico de mulheres e coisas ainda mais cabeludas.

Certo estava o deputado baiano João Alves (o que ganhou 72 vezes na loteria e liderou a quadrilha que assaltou por décadas o Orçamento da Nação) quando dizia alto e bom som para todos os que quisessem ouvir nos corredores da Câmara: aqui só tem bandido! E mais não dizia. Não era necessário.

Caminhamos, portanto, para mais uma eleição em que 66% do “eleitorado gado” vai votar em Lula ou Bolsonaro, ou nos seus prepostos que irão manter o status quo de roubos, desvios de dinheiro público, corrupções de toda a sorte. Ou farão ainda pior, votarão – na base da corrupção direta na veia – nos representantes do Centrão.

Depois passarão 4 anos reclamando uns dos outros enquanto suas excrescências se lambuzam nas benesses do poder e mandam de forma sarcástica uma majestosa banana para cada otário que acreditou nas promessas de mais educação, mais saúde, mais segurança, mantras de incompetentes, ladrões e salafrários incapazes de elaborar propostas mínimas para o cidadão, estado e país.