A Holanda, com seus canais charmosos, campos de tulipas e arquitetura icônica, é um destino unânime em cativar os corações dos viajantes. A capital, Amsterdam, seguida por Rotterdam, são destinos de renome mundial: metrópoles bem estruturadas e super movimentadas. No entanto, para aqueles que anseiam por uma experiência mais contemplativa e profundamente enraizada na história, Den Haag e Delft, são um convite irresistível.

Visitei Amsterdam em 2015, conheci museus e fiz o tradicional passeio de barco pelos canais, me encantei com as flores e o artesanato local, me surpreendi com os “cafés e lojinhas” que comercializam uma variedade enorme de produtos. Cidade pulsante, considerei como vista e imaginei ter encerrado ali minha boa impressão da Holanda.

Eis que o destino me fez retornar 9 anos depois, levando meu filho para conhecer a cidade que ele irá morar para estudar engenharia aeroespacial. Pousamos na capital, e do aeroporto já conectamos de trem para a cidade de Den Haag (conhecida como Haia). Den Haag, onde ficamos hospedados, é a cidade que abriga o governo holandês e a Corte Internacional de Justiça, um verdadeiro centro de influência global. A cidade, assim como Rotterdam, tem uma arquitetura moderna devido aos eventos naturais das inundações que desafiaram e inspiraram os holandeses a desenvolver sistemas de diques e barragens que os tornaram referência na área de engenharia.

Enquanto Den Haag e Rotterdam abraçaram a mudança trazida pela força da natureza, Delft tem um charme congelado no tempo, refletido nas ruas de paralelepípedos, na praça central e nos canais fotogênicos que serpenteiam pela cidade de tamanha beleza histórica.

Entre idas e vindas, inclusive viajando entre Den Haag e Delft de bicicleta (sim, uma das maiores aventuras da minha vida!) desfrutamos do melhor das duas cidades, unindo as obrigações: visita técnica a universidade, busca por moradia, levantamento de custo de vida etc. ao turismo.

Em Delft, a tradição e excelência artesanal se fundem harmoniosamente na famosa Royal Delft. Desde sua fundação em 1653, esta fábrica tem sido uma guardiã fiel das técnicas seculares de produção de azulejos e porcelana pintadas à mão, preservando uma arte que define a identidade cultural da cidade que também é conhecida por ser o local de nascimento do famoso pintor, Johannes Vermeer.

Além disso, Delft é conhecida como um ímã para estudiosos e acadêmicos, graças à presença da renomada TU Delft. Com seu campus dinâmico e multicultural, a universidade atrai mentes brilhantes de todo o mundo, infundindo a cidade com uma energia jovial e criativa.

Den Haag, a terceira maior cidade da Holanda, é uma mistura única de história, cultura e sofisticação. Com uma rica herança que remonta séculos, a cidade é um testemunho vivo da grandeza da nação, refletida em seus majestosos palácios, imponentes edifícios governamentais e extensos parques. Além de seu papel político, Den Haag encanta os visitantes com extensa variedade de atrações culturais, desde os renomados museus de arte, como o Mauritshuis, que abriga obras-primas de mestres como Vermeer e Rembrandt, até as charmosas galerias de rua.

A icônica região The Pier, com suas vistas deslumbrantes sobre o Mar do Norte e sua atmosfera descontraída, oferece uma excelente infraestrutura beira-mar com bares, restaurantes e cassinos, além de áreas destinadas ao entretenimento de crianças.

Em uma jornada que nos leva além dos pontos turísticos convencionais da Holanda, descobrimos que o destino tem o poder sutil de nos surpreender com jóias escondidas de beleza e significado. Den Haag e Delft emergem como protagonistas nessa narrativa, oferecendo uma experiência enriquecedora que vai além do estereótipo dos famosos moinhos de vento e campos de flores. Enquanto Den Haag, com sua imponência política e cultural, nos presenteia com uma imersão na história e na sofisticação, Delft nos transporta para uma atmosfera de encanto intemporal, onde a tradição se encontra com a inovação acadêmica.

Juntas, essas cidades capturam a essência diversificada e multifacetada da Holanda, revelando-se como destinos inesquecíveis que enriquecem não apenas nossa viagem, mas também nossa compreensão do mundo. Assim, como viajantes, somos lembrados de que, muitas vezes, são os desvios do caminho principal que nos levam às mais gratificantes descobertas.