Teria sido assim
Gilton Della Cella, cantador e compositor dos melhores que conheço, dia desses compartilhou um link de vídeo comigo. Trazia depoimento de Sandro Haick, multi-instrumentista, arranjador, produtor e diretor musical, falando sobre Dominguinhos, figura lendária na MPB.
Baião, que se impressionou com a criança e se ofereceu pra ajudá-la, caso um dia fosse pro Rio de Janeiro.
Anos depois, o pai resolveu procurar Gonzagão, no Rio, fugindo das dificuldades enfrentadas no Nordeste, carregando a família, inclusive Neném do Acordeon, aos 13 anos, numa viagem de pau-de-arara que durou 11 dias.
Mais pra frente, já batizado de Dominguinhos por Luiz Gonzaga, voltaria ao Nordeste numa turnê, em 1967, como motorista e sanfoneiro do grupo de músicos. Foi quando conheceu a recifense Anastácia, cantora e compositora com quem foi casado por 11 anos e compôs mais de 200 músicas (as “filhas” do casal, segundo ele).
Entrar pro grupo do Rei do Baião deu-lhe maturidade como músico e arranjador. Mais do que aprender, o discípulo inovou a arte do mestre, e se aproximou de artistas famosos (Chico Buarque, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Maria Bethânia, Nara Leão, Roberto Carlos etc.), abrindo a porteira para uma carreira que passeou por vários estilos musicais, de Baião, Forró, Xote, até Bossa Nova, Choro e Jazz.
Em Lamento Sertanejo, sua canção preferida, em parceria com Gilberto Gil, consta que, "por ser de lá, do sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato, da caatinga, do roçado", era uma "rês desgarrada na multidão".
Dizem que a solidão é a sorte dos espíritos excepcionais, o que talvez explique um legado (506 obras musicais, 34 LPs e 38 CDs) que transcende gerações, tocando corações em todo o mundo.
E o reconhecimento veio também de fora. Em 2002, ganhou o Grammy Latino, com o CD Chegando de Mansinho, e 10 anos depois repetiu o feito, na categoria melhor álbum brasileiro de raiz, com o CD/DVD Iluminado.
Mas aí chegou 2013 e, aos 72 anos, ele não resistiu à luta travada contra um câncer de pulmão.
Não duvido nada ter encontrado, em outro plano, o Criador de tudo, tendo ao lado Gonzagão, a quem Dominguinhos se dirigiu:
– Mestre... Dá licença? Tô de volta pro meu aconchego, trago saudade, quero um sorriso, um abraço pra aliviar meu cansaço...
– Oxe! Precisa pedir? – responderam, sorrindo, os dois.
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