Família multiespécie: mãe de pet também é mãe?
Polêmica já fez com que o Papa Francisco se pronunciasse lamentando que famílias substituam filhos por animais domésticos
Com a proximidade do Dia das Mães se reacende também uma velha discussão: Mãe de pet também é mãe? São muitas as famílias que têm optado pela criação de pets em vez de filhos. As famílias multiespécies estão cada vez mais comuns. Os pets deixaram de ser apenas "o melhor amigo do homem" para se tornar membro da família. Ano passado, o tema chegou a ser abordado pelo Papa Francisco em discurso no Vaticano, onde criticou pessoas que têm cães e gatos em substituição aos filhos.
Sempre na companhia dos cãezinhos e principalmente da sua Golden Retriever, Chloe, que a acompanha todos os dias nas visitas às lojas da Bable Pet, franqueadora de petshop que tem como principal objetivo proporcionar serviços de banho e tosa profissionais no formato beauty express, Laura Poggi Rodrigues, CEO e fundadora da rede, os encara como bichos de estimação, não como membros da família.
“Eu e minha família preferimos ter uma distinção e aprendemos a aceitar cada um dos membros tal como eles são, seja pessoas, gatos, cães ou qualquer outro animal de estimação que tenha sido escolhido para compartilhar o lar”, diz Laura que tem duas filhas e dois cachorros.
Diferente de Laura, algumas de suas franqueadas, que em sua maioria são mulheres, optaram por não terem filhos e sim cachorros, constituindo uma família multiespécie. Como é o caso da Raphaella Ramos, que decidiu ter o Buddy, um Golden Retriever na família. “Nunca vi mal em tratar os bichinhos como membros, crescemos assim e por não ter filhos humanos, optei por ter o Buddy, que chega com muita troca amorosa, muito dependente de mim, pra onde eu vou ela vai atrás. Isso cria uma certa proteção", afirma.
Com os bichinhos cada vez mais integrados no dia a dia da casa, e também com a rotina, assim como qualquer outro membro, fica muito difícil não considerá-los como parte da família para muitas pessoas. Eles dormem, acordam, se alimentam, têm hora para brincar, para tomar banho e para passear e mesmo com essa agenda e exigências que podem se assemelhar com os cuidados de uma criança, Raphaella, reconhece que a demanda de um pet é bem menor.
De todo modo, Laura explica que há um número grande de lares com animais, especialmente cães e gatos, em que a convivência é muito mais íntima do que no passado. Segundo uma pesquisa realizada pela Radar Pet juntamente com a Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), das casas que possuem cachorros, 21% delas são de casais sem filhos, contra 9% de casas com pessoas morando sozinhas e 65% de casas com filhos.
“Os bichinhos deixaram de viver do lado de fora, se alimentando de restos e cumprindo alguma função útil aos humanos, passando a morar dentro das casas apenas com a atribuição de animais de estimação e fazendo com que surja a família multiespécie, composta por humanos e não humanos”, explica Laura.
Raphaella destaca que pelo fato de ser uma família pequena, a chegada de seu cachorrinho levou mais companhia e apoio emocional, diminuiu a sensação de solidão e fortaleceu o sentimento de importância e de pertencer a alguém. “Além disso, exercitamos o senso de responsabilidade e também a empatia”, diz a franqueada e ressalta que o assunto deve ser conversado com todos que moram no local por ser uma experiência quase inteiramente emocional.
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