O Bando Central da Usura e o delito dos juros extorsivos
Mil interpretações estão sendo dadas para a peitada de Luiz Inácio na gestão da política monetária brasileira. Normal, a especulação faz parte do jornalismo e da economia. Mas o centro da questão é elementar, como diria Holmes.
O Banco Central – para usar uma metáfora cara ao neomilitarismo brasileiro – não é “poder moderador”! E sim parte do Poder Executivo. Sua independência não significa autonomia para dar rasteiras no governo e na Nação, detonando o planejamento econômico federal.
Qualquer comparação do BC com o STF ou o Congresso Nacional, ou mesmo o MP, TCU... ou Febraban (!) é mera empulhação. É indispensável ao Banco Central um mínimo de harmonia com os rumos políticos estratégicos do País.
Existem metas e objetivos para a independência do BC. O Banco Central não é o Banco do Brasil, nem a Caixa Econômica, mas também não é o Bradesco, nem o Itaú. Manter a inflação dentro de determinados patamares é uma dessas missões.
Nos últimos dois anos o BC resolveu ser “independente” desse compromisso, mas como o então presidente da República era um capacho do rentismo, não deu a mínima para o fato da inflação ter ultrapassado os limites estabelecidos.
E a taxa Selic na marca de 13,75% ao ano? A agiotagem liberal acha pouco, quer mais. A tal “independência do poder político” parece ser sinônimo de “dependência do poder usurário”. Ôxe, o BC passou a ser agência da Federação dos Bancos?
Lula tem faro afiado e boa memória: estreando na presidência, janeiro de 2003, encontrou a Selic (mensal) perigosamente a 1,93. Em janeiro de 2010, a taxa marcava 0,66. Dilma, no mês 01 de 2014, cravou 0,85. Neste janeiro, Luiz Inácio topou com 1,12. Gritou.
Luiz respeita o anuário. Sabe que 1,12% mensal com viés de alta, subindo há dois anos, já-já a taxa básica de juro anual estará em órbita. É sangria desatada e prenúncio de recessão, com os pobres pagando o pesado dessa conta.
Autonomia administrativa não significa vitaliciedade na direção do Banco Central. Demitir (agora) ou não o presidente do BC não é a questão, mas sim assegurar que a política monetária e financeira do País esteja em harmonia com os objetivos nacionais.
Lula da Silva, bote quente! O Banco Central não pode ser a Central da Agiotagem.Os números Selic nas linhas acima são do portal contábeis.com.br e a sigla para Banco Central é Bacen, mas foi usada BC por economia, e autonomia da coluna.
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