O que vai ser candidatos?
Publiquei em maio deste ano um artigo que, entendo, ser necessário republicá-lo com algumas atualizações, por sua pertinência e importância do tema para as eleições atuais de segundo turno. Esperamos contribuir para que candidatos, eleitores e o cidadão interessado em encontrar saídas para Alagoas, entenda com mais clareza o seu papel para o futuro desse estado ao mesmo tempo de beleza incomparável no seu litoral, mas também, de uma pobreza imerecida no “resto” do seu território.
Costumo dizer que Alagoas está (há pelo menos umas 8 décadas) com o corpo quase inteiro no inferno do subdesenvolvimento mais atroz, mas, simultaneamente, se encontra a uns poucos passos do paraíso do desenvolvimento. Se der os passos certos. Dizendo assim, pode parecer fácil e simples de fazer a coisa acontecer. Não é. Tanto não é que até hoje ninguém por aqui conseguiu reverter a situação calamitosa em que o estado vive perenemente. Somos o estado de pior desigualdade social do país. É preciso dizer mais algumas coisa?
Campeia por aqui um misto de pouca competência, excesso de estado (não aprendem mesmo que quanto mais estado, mais pobreza, mais miséria e mais desigualdade) e, amplo desconhecimento dos rudimentos econômicos mais simplórios para fazer o estado dar um “cavalo de pau” no seu super subdesenvolvimento e reverter a inclinação negativa da sua curva de crescimento.
Crescimento econômico sustentável e de longo prazo se faz principalmente com investimentos privados, tendo o estado como indutor. E com aumento da produtividade dos fatores. Por isso, é preciso mudar tudo nessa educação de merda que o estado entrega à sociedade para que mais à frente a mão de obra local saia do fundo do poço da rasa qualificação recebida;
É preciso também fechar as torneiras do tesouro estadual para empresas que só sobrevivem penduradas no caixa do governo; incentivar as poucas empresas competitivas restantes a se modernizarem, qualificaram (e não com cursos do sistema S que se sabe aonde não leva o sujeito): a produtividade da mão de obra em Alagoas é a metade da brasileira que, por sua vez, é 20% da americana. Em outras palavras: para um mesmo trabalho, Alagoas precisa de 10 trabalhadores, o Brasil de 5 e os EUA de 1 trabalhador. Simples assim.
Mas essas coisas batem de frente com interesses arraigados de sindicatos reacionários e dos sanguessugas de sempre acostumados a mamar nas tetas das verbas públicas. E aí vamos levando, deixando assim pra ver como fica. Não fica. Temos o maior número de analfabetos do país (17%) e mais de 75% de pessoas semialfabetizadas.
Como competir numa situação dessas? Insistir nessa toada, é mais atraso para o estado, mais sofrimento para a população pobre, mais desigualdade e maior distanciamento dos estados mais desenvolvidos. É o ó do borogodó o que se está cultivando por aqui. Mexer nesse vespeiro, senhores, é absolutamente imprescindível. Chega de condenar milhões e milhões de pessoas a essa subvida que se tem aqui para quem é da classe pobre ou mesmo remediada!
Não se concebe esse dualismo bestial da sociedade alagoana dividida entre 2% de pessoas das classes A e B (dados de estudo anual do banco Bradesco) que vivem em menos de 1% do território alagoano e o resto, 98% de pessoas que sobrevivem em 99% do território do estado em condição de pobreza (60% da população) e extrema pobreza (30% dos pobres). E quando falamos em intervenção nessa Alagoas profunda, não é a do estado que já disse do que é (in) capaz de fazer isso há mais de dois séculos.
De uma vez por todas: Crescimento econômico não é para ser implementado por governo (deve, sim, incentivar e apoiar). “Muita gente acha que dá para crescer por indução do governo, que isso vai virar aumento do consumo e do investimento” afirma o professor e economista Marcus Mendes (a não ser em situação de crise máxima, como na pandemia, em outras situações não é assim que a banda deve tocar). Assino abaixo. Em todo o mundo as intervenções de governo deram erradas. No máximo leva a que grupos melhor posicionados se encastelem no poder e sugam tudo o que podem em detrimento do resto da sociedade.
Tem outro ponto que a gente precisa abordar: pior que alocar dinheiro de forma errada como os sucessivos governos de Alagoas vem fazendo, é não colocar dinheiro algum por que os grupos que comandam a captura do orçamento já se apropriaram de quase tudo. Aí é o Deus nos acuda da saúde que não funciona, nem com inauguração de um monte de hospitais, por que falta gaze e esparadrapo para irmos no basicão...O caminho é pelo setor privado. Mas sem a corrupção comum por estas bandas entre os grupos que assumem as PPP e os políticos que as concede, que todos sabem, menos a polícia e a justiça.
Não tem outro jeito. Foi assim que os países ricos e desenvolvidos fizeram. Não temos que inventar a roda, pô! Governo à frente da economia e teorias esquerdistas dão numa Cuba miserável, numa Venezuela nas mãos do narcotráfico, assim como a Nicarágua, numa Argentina, quebrada. Até a Rússia que foi mãe dessas teses exóticas do esquerdismo internacional quebrou e sumiu do mapa econômico mundial (sua economia hoje é do tamanho de metade do PIB do estado da Califórnia, precisa dizer mais alguma coisa?
Estamos em plena campanha para o segundo turno. Onde vai rolar muita música alegre cantando em prosa e verso as belezas – tão inegáveis quanto distantes do vulgo – de nossa terra e elogios ao candidato; Vai rolar muitas imagens paradisíacas, que de fato existem, mas é para turista ver e os milionários e ricos das classes A e B local curtirem, nunca para o Mané que morre de trabalhar de sol a sol para ganhar um tantinho ao final do mês.
Vamos ver também o mesmo festival de promessas de sempre, de gente que não tem vergonha de mentir, esconder incompetências por detrás de frases elaboradas por marqueteiros pagos a peso de ouro – quase todos não alagoanos, claro – para forjarem uma imagem de alguém que não existe. E, ainda que existisse não teria capacidade de mudar o quadro que aí está, faltam-lhes assessorias qualificadas e vontade de fazer. Tem que saber Projetos? Só da boca pra fora. Se alguém tentar aprofundar nos questionamentos, não sai nada.
Discutir a qualidade dos gastos? O infame desvio dos recursos do orçamento para saber qual a opinião e postura do candidato? As criminosas emendas que distorcem por completo o processo de alocação dos recursos orçamentários? Enfim, coisas que se refletem diretamente nas vidas das pessoas, durante esse segundo turno? Nem pensar. Vai ser no vai da valsa de sempre, das promessas inexequíveis, das dancinhas na tv, dos conchavos de bastidor.
Alagoas têm saídas. Mas como regra geral, nossos políticos querem passar distantes dessa discussão. Não os interessa mudar o status quo que os beneficia secularmente. Sequer enxergam, que se o estado crescer, todos se beneficiam. Eles mais que todos.
O caminho do desenvolvimento, não passa pelos palácios, nem pelas casas legislativas. Esse é um mundo à parte. Nele o povo é mero detalhe. Querem uma prova? De todos os recursos que saem do governo federal para estados e municípios de cada 10 reais liberados, chegam na ponta menos de 3 reais. Querem mais? Tem um caminhão lotado dessas coisas para citar.
Empresário não depende de político para se instalar em lugar nenhum, menos ainda em Alagoas, quebrada, endividada, sem mercado digno desse nome, e com uma renda que é a segunda pior do país. Só querem o que a lei lhes garante. Incentivos e infraestrutura para atender seu negócio. Ponto. E não serem achados por políticos que agora não querem mais comissões para facilitar as coisas, querem logo ser sócios das raras empresas pleiteantes a se instalarem em Alagoas na cara dura. Caso de polícia!
Os dois candidatos têm obrigação de esclarecer essas coisas, dar o Norte do que de fato irão fazer para retirar Alagoas desse estado lamentável. Se insistirem nos seus “diagnósticos “ róseos e perfumados, Alagoas vai continuar chafurdando no lodo do fim do poço por mais 4 anos e 3,4 milhões de pessoas remediadas, pobres e miseráveis continuarão vivendo à mingua.
O que vai ser candidatos?
Esta opinião do colunista. A opinião do site não está associada
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