O que impulsiona uma mudança de carreira em 2022?
Jornalista conta como deixou uma carreira de 25 anos na televisão em busca de outro propósito
Recentemente, em especial desde o isolamento social, a relação das pessoas com o trabalho vem tomando uma forma não antes vista. Fenômenos do mercado de empregos, como o movimento da Grande Demissão e o ‘quiet quitting’ (demissão silenciosa, na tradução livre do inglês), vem demonstrando essa insatisfação geral com a estrutura do dia a dia da classe trabalhadora.
As pessoas, principalmente as mais jovens, estão colocando sua qualidade de vida à frente da necessidade de trabalhar, procurando posições que sejam compatíveis com a sua vida pessoal e desejos, ao invés de se adequar ao emprego, como foi a norma durante muito tempo. E para quem está há muito tempo inserido no mercado de trabalho, mas busca essa nova visão, isso pode significar uma troca de carreiras.
“Desde pequena quis trabalhar na tevê, e já no primeiro ano de faculdade, consegui um estágio na TV Cultura. E assim foram 25 anos na carreira de jornalismo, até três meses atrás,” conta Fabiana Teixeira, jornalista formada pela PUC de São Paulo, que atuou nas maiores emissoras do Brasil.
Porém, nos últimos meses, Fabiana pediu demissão de sua posição como apresentadora e deixou as telinhas, buscando se colocar no mercado como Especialista em Comunicação, e se dedicando à vida de treinamentos e mentorias sobre o assunto para empresas e indivíduos. Assim ela pôde colocar em prática sua instrução em posicionamento de marcas pela ESPM e Marketing Digital pela Universidade de Columbia, em Nova York, educação que buscou enquanto ainda atuava no jornalismo. “Foi uma readaptação de quem eu sou,” ela comenta.
Fabiana não está sozinha nessa busca por mudanças de propósito. De acordo com a pesquisa Re:Trabalho de 2020, cerca de 63% dos brasileiros entrevistados afirmaram que já mudaram de carreira e 48% pretendem assim que possível. Além disso, 78% responderam que pretendem alinhar o trabalho a seus propósitos e interesses de vida.
“Precisava me desafiar, e na posição que estava não conseguia sentir este desejo de querer mais,” explica Fabiana sobre a sua decisão. “Protelei nos últimos dois anos, e lógico, tive medo. Para a minha geração abrir mão da suposta segurança de um emprego tradicional - que na realidade, não existe - para empreender, e no meu caso ainda sair da tela da tevê, soa como loucura. Mas então veio a pandemia, minha grande impulsionadora.”
Ela conta que apesar de estar treinando pessoas na arte de se comunicar com sucesso há mais de 10 anos, e isso ser a sua grande paixão, o receio da mudança e a falta de ver uma janela para viver desses treinamentos, a pararam. Mas, seu segmento foi muito afetado pelo isolamento social, e de maneira positiva: “De repente o mundo passou a se comunicar em vídeo e pessoas como médicos, professores, executivos, e profissionais de todas as áreas, precisavam estar de frente com uma câmera. Quando vi, minha agenda lotou com cursos, mentorias e palestras, e foi o empurrão que eu precisava.”
Fabiana reconhece que sua posição é muito privilegiada no Brasil atual, já que qualquer mudança na carreira envolve um risco, principalmente monetário. “Não é algo simples. É um processo que impacta diferentes níveis, desde o emocional ao financeiro, e inclusive nossa identidade. Vai gerar medo e insegurança,” ela conta.
Mas, a Especialista em Comunicação encoraja quem tem essa oportunidade, a ir atrás de seus sonhos. “Encontre um propósito e planeje. Saiba, a certeza absoluta nunca vem, é preciso enfrentar o medo, e acreditar. Mas ir atrás desta vontade tornou possível que eu tomasse as rédeas da minha vida, me permitiu ser eu mesma e me tornar a minha melhor versão.”
* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias
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