Uso indiscriminado antibióticos pode causar morte de 10 milhões de pessoas
Acesso fácil pode causar resistência ao remédio, diz Tereza Tenório
Realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pesquisa mostrou que se a população continuar usando antibióticos de forma indiscriminada, em 2050, a resistência bacteriana pode ser a principal causa de mortes no mundo, resultando em 10 milhões de vidas perdidas.
A gerente de Riscos e Práticas Assistenciais e médica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da Santa Casa de Maceió, Tereza Tenório, alerta que o uso desses remédios deve ser feito com cautela. “O uso indevido de antimicrobianos provoca um desequilíbrio na microbiota humana – nome que se dá aos microrganismos que convivem normalmente em nosso corpo. Quando usados de maneira incorreta exercem várias efeitos colaterais, como a eliminação destes microrganismos, impedindo o funcionamento desta barreira, proporcionando a proliferação de germes patogênicos e facilitando o reconhecimento destes patógeno ao antibiótico, que passa a não ser mais eficaz quando o paciente ou outras pessoas apresentarem uma infecção causada por estes agentes”, explica a especialista.
Pelo perigo que representa, a comercialização de antibióticos sem receita é proibida no Brasil desde 2010. Mesmo assim, segundo a OMS, o Brasil ocupa o 17º lugar de 65 países pesquisados em relação à quantidade de antimicrobianos consumida. “Infelizmente, a população tem acesso fácil a esses remédios. E, na maioria das vezes, usam incorretamente para tratar doenças virais como gripe, e inflamações como dor de garganta ou sinusite aguda, sem a orientação de um profissional médico, portanto sem receita médica. As pessoas precisam se atentar que todo medicamento tem efeitos colaterais e cabe ao médico avaliar o risco e benefício para o paciente”, ressalta Tereza Tenório.
CUIDADOS – Em casa, antes de preparar a medicação, o paciente ou familiar / cuidador deve seguir as recomendações dos profissionais médico, farmacêutico, dentista, e do fabricante do produto. É preciso higienizar as mãos e os recipientes a serem utilizados, e checar, duplamente, a dosagem a ser utilizada. Se possível, realizar a tarefa com a ajuda de outra pessoa em casa. Na Santa Casa de Maceió, referência em Alagoas no tratamento de diversas patologias, o hospital usa protocolos clínicos e cirúrgicos para evitar os problemas decorrentes da utilização imprópria de antimicrobianos.
“Avaliamos o perfil microbiológico das principais infecções dos pacientes que atendemos, solicitamos e monitoramos os resultados das culturas para ajustar e abreviar o tempo de utilização dos antimicrobianos, e observamos a evolução clínica e exames complementares para identificar possíveis efeitos tóxicos relacionados as medicações”, finaliza a gente de Riscos e Práticas Assistenciais do hospital.
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