Alagoas

Quilombola Doutora

A jornada excepcional de Maria Helena

A história inspiradora de superação e educação em Água Branca, Alagoas.

Por Redação 21/03/2024 16h04
A jornada excepcional de Maria Helena

A educação é uma ferramenta poderosa para transformar vidas e, na comunidade quilombola Serra das Viúvas, em Água Branca, Alagoas, essa máxima se manifestou de forma excepcional na vida de Maria Helena Menezes de Souza. Graduada em Letras pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ela se tornou a primeira quilombola do estado a obter um doutorado, consolidando um percurso acadêmico marcado por superação e determinação.

O caminho de Maria Helena rumo à academia começou quando ingressou no curso de Letras em 2013, no Campus do Sertão da Ufal. Sua jornada acadêmica foi toda realizada na instituição, culminando recentemente com a conquista do doutorado em Linguística e Literatura. Ao longo de sua trajetória, ela enfrentou desafios e superou estigmas sociais, tornando-se um exemplo de resiliência.

"A instalação do Campus do Sertão possibilitou o acesso ao ensino superior público e gratuito para mim e muitas outras pessoas da região. Esse espaço deu voz às comunidades marginalizadas, como a minha, e possibilitou a realização de sonhos que antes pareciam inatingíveis", destaca Maria Helena.

Durante sua graduação, ela foi bolsista do Programa Bolsa Permanência (PBP) para indígenas e quilombolas, além de participar ativamente de projetos de extensão e ser monitora de disciplinas. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) abordou a comunidade quilombola Serra das Viúvas, evidenciando sua conexão com suas raízes e sua dedicação à pesquisa sobre questões que afetam sua comunidade.

O mestrado de Maria Helena também se concentrou em estudos relacionados à sua comunidade, com uma dissertação sobre variação linguística na Serra das Viúvas. Já no doutorado, seu projeto teve que se adaptar às restrições impostas pela pandemia da COVID-19, mas não perdeu o foco na análise da linguagem na comunidade quilombola.

"A pesquisa que realizei para o doutorado evidenciou a complexidade da variação linguística na Serra das Viúvas, contribuindo para o entendimento desse fenômeno em um contexto nacional. Mesmo diante dos desafios, acredito no poder da educação para transformar não apenas minha vida, mas também a realidade das pessoas ao meu redor", ressalta Maria Helena.

Além de seu compromisso com a academia, Maria Helena é ativa em sua comunidade, participando da Associação das Mulheres Artesãs Quilombolas Serra das Viúvas, onde ocupa o cargo de tesoureira. Ela acredita na importância de fortalecer a identidade quilombola e promover a igualdade racial em sua região.

"A jornada até aqui não foi fácil, mas cada obstáculo superado me fortaleceu e me motivou a seguir em frente. Ainda há muito a ser feito, e espero poder contribuir para a luta pela igualdade racial em minha comunidade e em meu estado. A educação foi minha maior aliada nessa jornada, e estou determinada a continuar lutando por dias melhores", conclui Maria Helena.

Seu exemplo inspirador demonstra que, com determinação e acesso à educação de qualidade, é possível superar as adversidades e alcançar grandes realizações, transformando não apenas vidas individuais, mas também comunidades inteiras.

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