A célebre frase da filósofa e ativista Angela Davis, "Não basta não ser racista, devemos ser antirracistas", tem sido uma inspiração para diversas iniciativas pelo mundo, incluindo a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que decidiu intensificar a discussão sobre a educação antirracista. Um grupo de estudos, liderado pela docente Juliele Sievers do curso de licenciatura em Filosofia, surge como uma resposta à necessidade de abordar essa questão.

O grupo, criado em setembro de 2022, é uma demanda dos próprios estudantes, que perceberam a escassez de bibliografias de autores negros e a falta de abordagem sobre o epistemicídio na História da Filosofia. Segundo Juliele Sievers, o objetivo é preencher essa lacuna na formação discente e fortalecer as práticas antirracistas na academia e além.

O curso visa a sistematização do estudo da temática do antirracismo, não apenas para discuti-la, mas para aprender e colocar em prática esse conhecimento, combatendo o racismo estrutural. Para isso, os participantes escolhem coletivamente os livros a serem estudados, como "Lugar de Negro", de Lélia Gonzalez, e "Mulheres, Raça e Classe", de Angela Davis.

Os encontros semanais envolvem debates sobre os capítulos lidos, trazendo dúvidas, questões e experiências pessoais dos participantes. O grupo não tem um número fixo de participantes, mas conta com um "núcleo de sustentação" e recebe interessados de dentro e fora da Universidade.

A docente enfatiza que há espaço para novos participantes, independentemente de sua ligação com a UFAL. Para Juliele, quanto mais pessoas engajadas na temática, mais esperanças há de mitigar os efeitos do racismo na sociedade.

Além dos encontros, o grupo está envolvido em diversas atividades, como a publicação de artigos e o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema. Atualmente, está sendo oferecida uma disciplina eletiva sobre Filosofia e Literatura, aberta também para alunos de outros cursos da UFAL.

A iniciativa visa não apenas enriquecer o debate acadêmico, mas também promover mudanças concretas na sociedade, repensando a produção e reprodução do conhecimento. Como destaca Juliele Sievers, o grupo é um espaço de partilha e fortalecimento da pauta por uma educação antirracista, e espera que mais pessoas se juntem a eles nessa jornada.