Alagoas
10 anos sem lixão: Maceió virou referência para o Brasil
Shopping, novas redes de varejo, grandes condomínios, hotéis. Quem acompanha o boom de novos empreendimentos do Litoral Norte de Maceió nem sempre se dá conta de que todo esse desenvolvimento só foi possível graças ao início da operação da mais importante obra ambiental de Maceió, que acaba de completar 10 anos.
Trata-se da Central de Tratamento de Resíduos (CTR Maceió), localizada no bairro do Benedito Bentes, que tornou possível desativar o lixão de Cruz das Almas e transformar Maceió na terceira capital do Nordeste (e uma das primeiras do país) a atender à determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos – até hoje não cumprida pela maioria dos municípios brasileiros, que correm para se adequar ao prazo para o fim dos lixões, prorrogado até 2021.
“O aterro sanitário de Maceió foi construído seguindo o que há de mais moderno em tratamento de resíduos sólidos”, diz o consultor ambiental Alder Flores. “Foi um projeto que envolveu pesquisadores da Ufal, técnicos e integrantes do Ministério Público Federal e Estadual, que tiveram um papel decisivo para que se tornasse uma realidade”, diz.
Antes do aterro sanitário, o lixão de Cruz das Almas era uma montanha de lixo a céu aberto que crescia ao ritmo de 45 mil toneladas ao mês e lançava diariamente cerca de 200 mil litros de chorume diretamente no solo e nos lençóis freáticos. Com o correto tratamento do lixo realizado pela CTR Maceió nesta última década, nada menos do que 5,5 milhões de toneladas de resíduos foram processados, reduzindo drasticamente seu impacto ambiental.
“É com muito orgulho que vemos não apenas os efeitos positivos que o aterro sanitário trouxe para Maceió nestes 10 anos, como o nível de excelência conquistado pela própria operação, considerada uma das referências do país no setor”, diz Daniel Sanchez, gerente regional da Estre Ambiental, maior gestora de resíduos do país, grupo ao qual pertence a V2 Ambiental, operadora da CTR Maceió.
De chorume a água limpa
Além de toda a avançada engenharia empregada na impermeabilização do solo, drenagem e queima dos gases resultantes da decomposição, a operação alagoana é uma das primeiras no país a contar com nanofiltração em sua Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) – estrutura que permite transformar o chorume, líquido escuro, fétido e altamente poluente resultante da decomposição do lixo, em água limpa.
Graças ao processo implantado e aprimorado pela equipe de engenheiros, biólogos e técnicos da Estre, o chorume tem sua carga orgânica reduzida em 98%, transformando-se em água que permite reuso em atividades do próprio aterro ou seu descarte em corpos hídricos, sem qualquer impacto ambiental. Todo o processo é acompanhado de perto pelos órgãos competentes e tem sua eficiência comprovada por análises laboratoriais internas e laboratórios certificados.
Outro diferencial da CTR Maceió em relação aos aterros de outras cidades é o fato de concentrar, em uma única área, células equipadas para receber diferentes classes de resíduos, como lixo doméstico, entulho, lixo vegetal e animais mortos. Na unidade de beneficiamento de entulho, restos de construção são triturados e transformados em britas prontas a serem utilizadas em obras de pavimentação da prefeitura. Já no núcleo de lixo vegetal, proveniente da poda de árvores, a compostagem garante adubo orgânico para a manutenção do cinturão verde que envolve o próprio aterro.
Garantindo a eficiência de toda esta operação que não para nunca – nem mesmo em tempos de isolamento social e de pandemia – estão cerca de 150 colaboradores. Para proteger a saúde de todos, uma série de medidas foi colocada em prática, aplicando as recomendações gerais da Organização Mundial da Saúde às atividades específicas do setor. “Apesar de todo esse cuidado, montamos também um plano especial de mapeamento de mão de obra terceirizada especializada para uma possível substituição em caso de afastamentos por doença”, explica Moacyr Neto, gerente operacional da CTR Maceió. “Tudo para que, mesmo diante desta pandemia, seja possível manter o perfeito funcionamento desta operação tão importante para a cidade e para o meio ambiente.”
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